quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Fim de Férias

É engraçado o que acontece com a imprensa ao final das férias: as notícias mudam, com o ar revigorado pelas praias e fazendas, aos jornalistas mineiros... Elas, as notícias, perdem o tom desesperado, tsunâmico (até meu, pessoal mesmo, esse tom...), e se armam mais, para mostrar um pouco além da tragédia em si. "Uma ponte cai na Régis Bittencourt, a rodovia da morte." "Apesar de perder renda, aumentamos o número de empregos formais." Dá para se imaginar, meio-dia dessa quarta feira, a ouvir os jornais da noite.
Há uma mágica interessante nas relações das pessoas: também os jornalistas, muitos deles formadores de opinião, têm mais convívio social nessa época, e desarmam muitos preconceitos com a mente fresca pela brisa do mar, o ar fresco da montanha, ou do ar-condicionado dos shoppings e salas de cinema, e vertem otimismo ou mais argúcia. Ou seriam os redatores interinos das centenas de colunistas sociais em tantos canais e jornais?
Janeiro já se finda, e as notícias precisam acontecer.
E tanto tempo mudado, tantos dias corridos, mais um ano precisa ser feito no calendário do futuro.
Fóruns, discussões, frio no norte, calor no sul, notícias que dizem que a Terra qüase se extingüiu há bilhões de anos, e nós aqui... repetindo de novo tudo do ano passado?
"- Fulano, esse ano vai ser diferente...!"
"- Cicrano, é o seguinte: nós e a Terra, somos do mesmo material. Se ela qüase se matou em convulsões, diarréias, febre e síncopes, ainda assim ela tá ai. Agora, senta e escreve essa merda de estória sobre o cara que mordeu o cachorro prá pegar o bife de filé que ele ia fazer para a namorada. Omite sobre a parte do cara que o cachorro em represália atacou.."
No fundo da redação, passa alguém cantarolando...
Sentou ao computador, e começou a digitar tudo que tinha em mente. No dia seguinte, a nota:
"Preço do filé deixa consumidor incapacitado".

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