Eu queria ser presidente.
Não acho que enfim, ele tenha que se condoer mais que nenhum outro ser humano.
Há uma coisa na lei que deveria ser mudada, para eu ser presidente:
- o presidente não precisaria, depois de ser eleito, ter um partido político para ter direito a concorrer à reeleição.
Teria uma verba X para fazer uma campanha à reeleição independente, como chefe executivo e sem partido, e pronto.
Não sei se esse é o modelo de alguma republiqueta, mas acho que seria mais ou menos um sistema meio getulista, peronista, ou populista, etcétera e tal.
Porém não creio que seria pior do que o que hoje temos.
Eu quero ser presidente,
e queria poder tentar me apegar ao cargo,
não ao poder,
realmente me condoendo mais com a nação
que em mim acreditasse.
Não que eu creia que nosso presidente não se condôa, sinceramente.
Ainda devem haver valores e moral que lho façam sofrer mais que qüalquer um
que não seja muito próximo,
a qüalquer vida que se perca,
ou muito além de sofrimentos
a que muitas vidas passam e se imolam
qüase sempre sem querer.
Não há tôlo que desconheça que também já errou,
e esses valores morais que nos fazem julgar erros,
sempre dizem respeito ao que queremos para o futuro,
não ao que levou aos erros imorais que tenhamos cometido,
ou deixado que cometessem.
Eu queria ser presidente,
e já que é "muito" querer ser presidente,
eu esbanjo em sonhos em dizer que queria ser presidente
e queria ser também o Gilberto Gil.
Então, isso não deve dar prá ser por essa vida agora.
A menos que um gênio numa lâmpada me conceda então três pedidos,
e eu ainda queria voltar a ser eu e ver se dá certo,
torcendo do lado dos anônimos que não têm cargo ou poder.
Gilberto Gil tem um nome sonoro.
É brasileiro típico:
meio acriôlado (como diria um que assim se dizia dos afro-descendentes atuais),
educado, polido, visceralmente ligado ao chão do Brasil,
embora virtuosamente espalhado pelo mundo inteiro, e respeitado.
É inteligente, coisa que temos de mais típica
por todas as culturas que amalgamamos
e esprememos
numa cor morena,
preta,
parda
ou branca, encantadora e apaixonada que soemos ser,
como sói ser também a voz dele,
como afinados e integrados aos tempos modernos da humanidade,
esses em que não se pode mais dizer que não se sabia,
já que todos tudo sabemos,
governistas e oposicionistas,
mas todos, parecem,
querendo apenas "levar uma vantagenzinha".
Gilberto Gil não me parece levar vantagem de ser presidente,
e por isso eu queria ser ele,
para achar que é vantagem,
ser presidente,
sair do partido que me elegeu
e não ser nem governista nem oposicionista,
mas presidente.
E se gostar do fardo da "ré-pública", que possa a ele se recandidatar.
E como bom presidente, só poder ser candidato novamente se um breve plebiscito,
em meio a tão eficiente justiça eleitoral e seu aparato escrutinatório, dizem,
avalizasse com mais de 51% de aprovação pública, votada e computada.
Nada de vaias ou aplausos,
que ai o Presidente Gil,
do Brasil,
seria reeleito em shows, não plebiscitos.
Mas antes disso, ele teria que querer ser presidente,
já que o gênio ainda não tem,
que me torne ele eu e dele eu,
além de me eleger sem passar por partido.
Mas se eu encontrar a lâmpada ou uma garrafa...
Pelo menos, com trânsito ai pelas casas,
tanto do congresso qüanto as nossas,
palácios e palcos do mundo inteiro,
Gil é tão público e tão coerente em seus discursos e vida,
que é sempre mais que ministro,
além de poeta e cantor.
Que se mostra um pensador,
um antropólogo,
um sociólogo,
um defensor de causas por outros dadas perdidas,
e alguém a quem sabemos a capacidade intelectual e a disposição.
Bom, a menos que um super-presidente,
depois de ter combatido o crime, a violência, a corrupção,
venha nos salvar.
Dizia Gil de nossa esperança que um dia um "super-homem venha nos restituir a glória..."
embora dito já por Bertoldt Brecht que é
"infeliz a nação que não tem heróis, mas mais infeliz é a nação que precisa de heróis".
De Brecht a Gil, é preferível hoje que lembremos quantas "frases" nos fizeram,
entre ditos e feitos, que ainda nos faz esperar um salvador (até novelas fizeram!),
mas talvez estejam entre nossos sonhadores
mais salvadores que detratores
do trato feito com a ré-pública.
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