segunda-feira, janeiro 10, 2005

Por quem os sinos dobram


John Donne escreveu uma verdade:
"não me pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por você".
Janeiro é um mês de repicar de sinos diversos:
impostos, chuvas torrenciais, bueiros entupidos, falta de água, falta de luz, falta de "recursos" para tantas cobranças...
Cada uma das coisas chatas de se fazer parece que tocam um sino na nossa cabeça, retinindo cintilantes cifrões ou pontos de tantas interrogações.
Melhor para quem sai da cidade, que embora fique mais maravilhosa com um trânsito transitável, é melhor estar numa praia, salgando-se no mar como bacalhau ou torrando na areia como bife, "estilo", lá de Milano.
Claro, a comparação não faz sentido, que em Milano nem praia tem.
Mas e quem tá na Europa, heim? Frio, neve. Bons vinhos, mas frio, muito frio, o branco cobrindo todas as cores de tudo que vemos aqui, agora.
Claro, não consideremos
a tristeza da Ásia,
agora, que tantas alegrias
tanta gente desfrutou
e desfrutará por tanto tempo...

A Terra,
incólume,
como se apenas coçasse uma picada
de impertinente cometa cadente,
que se atrái pelo cheiro de belezas tantas,
quê,
a Terra, assim encantada,
coça a Ásia,
e faz verão aqui, no nosso hemisfério sul...

Talvez o mar, que recebe assim, no Índico,
todo o vento solar,
que lambe com seu calor,
a Terra e os corpos,
os mares e as nuvens,
as praias e as florestas,
acordando o tempo
que qüase pára,
arrancando limo
das paredes claras,
retorcendo com a quente luz,
tudo aquilo que
sôbre a terra reluz, claro...
talvez o mar apenas seja espelho
da visão divina de um amanhecer...

Pode não ser a melhor opção ser um Janeiro em Belo Horizonte...
Mas ainda assim, a opção é das boas ser Janeiro de um novo ano! .

p.s.: Esse texto é in memorian de tantos mortos, modesta mas sentida contribuição de quem escreve seus sentimentos.

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