sexta-feira, novembro 19, 2004

Criança diz cada uma...

Quem lia a coluna do dr. Reinaldo Delamare na revista Cláudia, anos 60 ou 70, se lembra desse título.
Mas ele me veio à cabeça pelo texto a seguir, recebido via internet, de autoria que desconheço.
Já o havia lido há algum tempo, e apesar da fragilidade que sinto nos argumentos, ainda assim as comparações feitas são inteligentes.
Claro que o texto é ficção, but...
Temo, especialmente, que ofenda a alguns, americanos, ou não. Mas hoje vi um carro com um adesivo "Bush é um assassino e deve ser julgado por isso", assim mesmo, escrito em português claro, preto sobre branco. Devo estar eu, então, chutando cachorros mortos, que pelo menos não nos mordem?! Bush pode se defender do que se diz sobre ele, mas não pode se defender de todo ódio que atrái, e bem lembrado é que a inveja causa problemas ao invejado, embora corroa aos invejosos...

Então... quem está com a razão ?


Enquanto isso em muitos lares americanos....

- Pai, por que o nosso país invadiu o Iraque? - perguntou Billy, de 8 anos.
- Lá tinha armas de destruição em massa.
- Mas a TV disse que os inspetores não acharam nada.
- Os iraquianos esconderam. E nosso governo sabe que invasões funcionam mais que inspeções.
- Se tinham tais armas, por que não usaram quando atacamos?
- Para que ninguém soubesse que eles têm as armas. Preferem morrer a defender-se.
- Como um povo pode preferir morrer a defender-se?
- A cultura deles é diferente. Preferem morrer e ir logo para junto de Alá.
- E lembre-se que Saddam Hussein era um cruel ditador.
- Como cruel?
- Torturava e matava gente.
- Como na China comunista?
- A China é diferente, seu povo trabalha para as nossas empresas, reduzindo os custos da produção e aumentando os nossos lucros.
- Mas a China não é comunista?
- É.
- E os comunistas não são maus?
- Só os comunistas da Coréia do Norte e de Cuba, que prendem e torturam gente.
- Como fazemos em Bagdá?
- É diferente. Nós prendemos e torturamos em defesa dos direitos humanos e da liberdade.
- Foi o que fizemos no Afeganistão?
- Lá foi por causa do Osama Bin Laden.
- Ele é Afegão?
- Não, é saudita.
- Como 15 dos 19 seqüestradores suicidas do 11 de setembro?
- Sim.
- E porque não invadimos a Arábia Saudita?
- Porque o governo de lá é nosso amigo.
- Como era Saddam em 1980, ao combater o Irã?
- Sim, quem combate o nosso inimigo é nosso amigo.
- E por que temos inimigos?
- Porque muitos povos têm inveja do nosso progresso.
- Mas, pai, inveja não é problema do invejado?
- O invejoso de hoje pode virar o terrorista de amanhã.
- O que é um terrorista?
- É uma pessoa que não pensa como nós pensamos.
- Mas não defendemos a liberdade de opinião?
- Só a que não vai contra a nossa opinião.
- O Iraque nos atacou?
- Não, mas agora fazemos guerras preventivas, evitamos o mal antes que a semente dele caia na terra.
- Nós é que produzimos as armas empregadas nas guerras?
- Boa parte delas, pois a guerra favorece a nossa economia.
- Quer dizer que ficamos ricos às custas da morte de outros povos?
- É a lógica do mercado.
- Mas, pai, uma vida humana não vale mais que um míssil? Não foi isso que você me ensinou?
- Teoricamente sim, mas na prática não é assim. Para o mercado, só tem valor a vida que está dentro dele, a do consumidor.
- E as outras vidas?
- Filho, nada em excesso é bom. Muito vento causa furacão; muita água, enchente; muitas bocas, fome.
- Quer dizer que nós matamos como Saddam e o Talibã matavam?
- Nós matamos a favor da liberdade; eles, contra.
- Inclusive crianças como eu?
- Você não é como elas. Não temos culpa de nossos inimigos terem filhos.
- Deus aprova isso?
- Sim, nosso presidente fala diretamente com Deus.
- Como assim?
- Ele escuta a voz divina em sua cabeça. Deus o elegeu para fazer a guerra do bem contra o mal.
- Mas Deus e Alá não são a mesma pessoa?
- Billy, chega de perguntas. E, por favor, não confunda o nosso deus com o deles!

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