Queuqissuuuuuuuu!
Numa tarde de verão, como em todas as outras, no tempo antigo, como quem, diz jovens nos seus corpos, nus caminhavam pela casa nos entretantos do amor deles. Assim recebiam os Amigos ao entrar na porta que albergava seus corpos e seus corações.
Numa página qualquer, a Amiga desaparecera de vista de seu Amado, sem que ele se desse conta primeiro, porque de seguida despreocupado a foi buscando, primeiro à cozinha, depois pelos quartos, abrindo suas portas, até dar com seu corpo por debaixo de um outro, o de seu Amigo. Que a tenha visto não, porque o enlace dos seus corpos, a ele, a cara da sua Amada, ocultara. Às arrecuas, fechou a porta com seu coração aos pulos como saindo de sua garganta, uma dor crescente dentro de seu peito prestes a explodir. Nesse instante, imaginou-a, sua cara, a dela, com o mesmo reflexo do prazer que habitualmente lhe via no enlace de seus corpos, como no momento anterior dessa mesma tarde, antes de seus Amigos chegarem. Deixou a Amiga do outro Amigo sozinha na sala, saiu para a rua e caminhando pôs-se a pensar.
O pássaro negro que ouvira o bater de seu coração desordenado poisou em seu ombro e para ele disse, queres conversar, sim pode ser, obrigado, que está difícil de acalmar tamanha perturbação e assim sem necessidade, pois o pássaro negro tudo sabia, contou-lhe o que se passara.
De seguida falou o pássaro que lhe disse. Já reparas-te que o que mais te perturbou foi o facto de imaginares, visto que não o viste, as expressões de prazer da tua Amada, como sendo as mesmas que contigo partilhava, sim é verdade, essa parece-me ser a raiz da dor, mas é um erro, vê lá melhor, pois se teu Amigo não és tu, mesmo sendo ela a mesma, como poderia a expressão do prazer dela ser igual aquela que nasce entre vós, o que viste sem ver, foi só o reconhecimento de que, a tua agora Amada pode ter prazer sem ser por ti, coisa elementar, como a vida, não teve ela já outros Amantes, antes de a ti oferecer como uma flor, também seu corpo, e não terá outros amanhã?
Agora esquece por um momento os corpos, não tem ela a tua Amada, outros prazeres para além dos que partilha contigo, não a faz o sol correr feliz no jardim, não faz um belo piropo de um olhar a sentir feliz de desejada? Não se sente ela feliz quando vê um corpo viril prenhe de energia ao passar que nela repara, como tu?
Sim é verdade o que dizes, e depois o corpo dela é teu? não, é dela sim, um belo corpo quem eu gosto tanto, pois como nós pássaros, se tem corpo, tem vontade e quem decide dela, quem é? É ela, achas que mesmo que quando ela tem o seu prazer daquilo que quer contigo, que às vezes é também o teu, fica cega a todos os outros desejos?
Os corpos não se estragam em seus amores, crescem neles, queres porventura, tu que a dizes Amá-la, cercear a sua vontade, queres porventura prendê-la como que estrangulando seus desejos e tornar-lhe dessa forma seu Mundo pequenino? Para quê? Para melhor a veres definhar e se ela definhar, o que crês que te acontece por tabela, falta de desejo por mim como já vi me acontecer, certo, e olha não é o Amor, também sinônimo da liberdade da coisa Amada, não trata bem o Amor a coisa Amada, que é como quem diz, lhe sopra as asas para melhor ela voar e soprar não é cortar, e depois recorda-te como os corpos ou as formas são breves passares, em que queres ficar então, na zanga da destruição ou no feliz estar, sabes disse por fim o pássaro, a única coisa que nos preocupa, a nós os pássaros, é o engano deliberado de nós mesmos ou de outrem, mas também não é este o caso e agora asas, que me tenho de ir.
Já vais, oh não fica mais um instante, para eu te perguntar algumas coisa mais, e a fidelidade como se lida com esta questão, fidelidade, respondeu o pássaro já a voar, é cada um determinar a sua própria medida, cada qual que responda a essa questão, ao que quer ser fiel e como o irá ser e depois que disso dê noticia a quem ache que vale a pena dar, que eu o pássaro feliz tenho a minha própria resposta, só quero ser fiel a mim mesmo, que é só outra forma de dizer, à Luz que me ilumina, à vida por ela criada, a liberdade de a viver e ao Amor com que a vivo de acordo com a minha própria vontade.
O Amante e sua Amante mais tarde pela noite adentro se encontraram, seu coração disparara de novo na ausência do pássaro negro, reza assim que ele lhe perguntou tentando saber os sórdidos pormenores do amor de seu corpo com seu Amigo, na sua ilusão de comparar o incomparável, ao que ela, sentido o seu coração começaar a morrer, face a toda aquele abrupta inquisição, acabou por se render ao desejo das perguntas dele, enquanto secretamente em seu coração, nesse preciso momento a rosa começou a definhar, ele cego pela sua dor fez então amor de corpo com ela, descobrindo em si um violência que nunca sentira. Passado pouco tempo cada um caminhou em direção distinta, e muitos, anos depois encontraram-se em amizade os três, disse então o seu Amigo, mas o que estavam à espera, a gente chegava a vossa casa e ela estava nua, ele reza que se bem que continue dele Amigo nunca percebeu aquele dizer, como se para ele fosse impossível que o desejo nascesse a partir da visão da nudez do corpo alheio, consta que para ele o desejo nascia de tudo como do nada, um breve olhar, um dedo a mexer, um pestanejar, um tom de voz, uma nuvem a passar, um cão a saltar e sei lá mais o que.
(Esse texto lindo, é do blogue Ouro sobre Azul, link http://ourosobreazul.blogspot.com/)
Numa tarde de verão, como em todas as outras, no tempo antigo, como quem, diz jovens nos seus corpos, nus caminhavam pela casa nos entretantos do amor deles. Assim recebiam os Amigos ao entrar na porta que albergava seus corpos e seus corações.
Numa página qualquer, a Amiga desaparecera de vista de seu Amado, sem que ele se desse conta primeiro, porque de seguida despreocupado a foi buscando, primeiro à cozinha, depois pelos quartos, abrindo suas portas, até dar com seu corpo por debaixo de um outro, o de seu Amigo. Que a tenha visto não, porque o enlace dos seus corpos, a ele, a cara da sua Amada, ocultara. Às arrecuas, fechou a porta com seu coração aos pulos como saindo de sua garganta, uma dor crescente dentro de seu peito prestes a explodir. Nesse instante, imaginou-a, sua cara, a dela, com o mesmo reflexo do prazer que habitualmente lhe via no enlace de seus corpos, como no momento anterior dessa mesma tarde, antes de seus Amigos chegarem. Deixou a Amiga do outro Amigo sozinha na sala, saiu para a rua e caminhando pôs-se a pensar.
O pássaro negro que ouvira o bater de seu coração desordenado poisou em seu ombro e para ele disse, queres conversar, sim pode ser, obrigado, que está difícil de acalmar tamanha perturbação e assim sem necessidade, pois o pássaro negro tudo sabia, contou-lhe o que se passara.
De seguida falou o pássaro que lhe disse. Já reparas-te que o que mais te perturbou foi o facto de imaginares, visto que não o viste, as expressões de prazer da tua Amada, como sendo as mesmas que contigo partilhava, sim é verdade, essa parece-me ser a raiz da dor, mas é um erro, vê lá melhor, pois se teu Amigo não és tu, mesmo sendo ela a mesma, como poderia a expressão do prazer dela ser igual aquela que nasce entre vós, o que viste sem ver, foi só o reconhecimento de que, a tua agora Amada pode ter prazer sem ser por ti, coisa elementar, como a vida, não teve ela já outros Amantes, antes de a ti oferecer como uma flor, também seu corpo, e não terá outros amanhã?
Agora esquece por um momento os corpos, não tem ela a tua Amada, outros prazeres para além dos que partilha contigo, não a faz o sol correr feliz no jardim, não faz um belo piropo de um olhar a sentir feliz de desejada? Não se sente ela feliz quando vê um corpo viril prenhe de energia ao passar que nela repara, como tu?
Sim é verdade o que dizes, e depois o corpo dela é teu? não, é dela sim, um belo corpo quem eu gosto tanto, pois como nós pássaros, se tem corpo, tem vontade e quem decide dela, quem é? É ela, achas que mesmo que quando ela tem o seu prazer daquilo que quer contigo, que às vezes é também o teu, fica cega a todos os outros desejos?
Os corpos não se estragam em seus amores, crescem neles, queres porventura, tu que a dizes Amá-la, cercear a sua vontade, queres porventura prendê-la como que estrangulando seus desejos e tornar-lhe dessa forma seu Mundo pequenino? Para quê? Para melhor a veres definhar e se ela definhar, o que crês que te acontece por tabela, falta de desejo por mim como já vi me acontecer, certo, e olha não é o Amor, também sinônimo da liberdade da coisa Amada, não trata bem o Amor a coisa Amada, que é como quem diz, lhe sopra as asas para melhor ela voar e soprar não é cortar, e depois recorda-te como os corpos ou as formas são breves passares, em que queres ficar então, na zanga da destruição ou no feliz estar, sabes disse por fim o pássaro, a única coisa que nos preocupa, a nós os pássaros, é o engano deliberado de nós mesmos ou de outrem, mas também não é este o caso e agora asas, que me tenho de ir.
Já vais, oh não fica mais um instante, para eu te perguntar algumas coisa mais, e a fidelidade como se lida com esta questão, fidelidade, respondeu o pássaro já a voar, é cada um determinar a sua própria medida, cada qual que responda a essa questão, ao que quer ser fiel e como o irá ser e depois que disso dê noticia a quem ache que vale a pena dar, que eu o pássaro feliz tenho a minha própria resposta, só quero ser fiel a mim mesmo, que é só outra forma de dizer, à Luz que me ilumina, à vida por ela criada, a liberdade de a viver e ao Amor com que a vivo de acordo com a minha própria vontade.
O Amante e sua Amante mais tarde pela noite adentro se encontraram, seu coração disparara de novo na ausência do pássaro negro, reza assim que ele lhe perguntou tentando saber os sórdidos pormenores do amor de seu corpo com seu Amigo, na sua ilusão de comparar o incomparável, ao que ela, sentido o seu coração começaar a morrer, face a toda aquele abrupta inquisição, acabou por se render ao desejo das perguntas dele, enquanto secretamente em seu coração, nesse preciso momento a rosa começou a definhar, ele cego pela sua dor fez então amor de corpo com ela, descobrindo em si um violência que nunca sentira. Passado pouco tempo cada um caminhou em direção distinta, e muitos, anos depois encontraram-se em amizade os três, disse então o seu Amigo, mas o que estavam à espera, a gente chegava a vossa casa e ela estava nua, ele reza que se bem que continue dele Amigo nunca percebeu aquele dizer, como se para ele fosse impossível que o desejo nascesse a partir da visão da nudez do corpo alheio, consta que para ele o desejo nascia de tudo como do nada, um breve olhar, um dedo a mexer, um pestanejar, um tom de voz, uma nuvem a passar, um cão a saltar e sei lá mais o que.
(Esse texto lindo, é do blogue Ouro sobre Azul, link http://ourosobreazul.blogspot.com/)
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