Não deixaram procurações para mim os 154 ausentes ao debate, mas 2 pilotos de linha aérea que se aventuram pelas matas desembrenhadas do Brasil, como querem sugerir as informações, e cegamente se aventuram no mar amazônico, de tantas outras vezes tratado como patrimônio da humanidade, não merecem mais que sua classificação como aventureiros ou assassinos.
Como a mereceria qüalquer idiota que ceifasse a vida de quem quer que seja, nos céus, mares, ruas e outros pontos do Brasil, na insanidade, ainda que "admissível", que pilotos possam desligar suas caixas pretas (podem, por incrível que pareça!), seus transponders (é comum, por inadimissível que se conceba...), ou se unir, corporativamente, em espírito de corpo, como se diz, a sugerir que é exagero.
A menos que falte à sensibilidade de todos, o questionamento de que voar no Brasil ou para o Brasil seja questão de risco. Ou melhor dizendo, voar é insano.
Mas é de se salientar, para a sociedade, que habemus lex. Por incrível que pareça, somos todos a ela subordinados, e mensagens simples e claras como "thirty six" ou "thirty seven thousand", são simples assim, e diz o bom senso que na dúvida, pergunte.
Transcorreram décadas, 2, desde que um avião moderno, similar ao do acidente no Mato Grosso, perdeu-se no mar da amazônia. À época, era um jogo de futebol, agora, é um jogo de desfaçatez.
Apesar do sigilo e silêncio sobre as investigações, notas, reais ou plantadas na imprensa, dão conta
que houve várias tentativas de comunicações. Uns, dizem, do Centro Brasília, outras, do Legacy da Excelair.
A mim incomoda, sobremaneira, como ser humano que sabe que amanhã é um outro dia, que haja mordacidade em tantos dizeres, inclusive o meu, sobre uma falta, a quem não se quer imputar a indivíduos com nomes estranhos ou mesmo Silvas, no sobrenome.
Mas em meu pensar, acho que desligar sistemas capazes de garantir a segurança de operações já por si somente, inseguras ao ser humano, como voar a 870km/hora, é idiotice. Tente dizer "oitocentos e setenta kilômetros por hora", marcando o tempo: gasta-se 4 segundos, o bastante, àquela velocidade, para percorrer qüase 1 kilômetro.
Não nos surpreende o número, ou o átimo, ou a velocidade em si. Mas é capaz de impactar mortalmente, ou dolorosamente, tantos qüantos se vão, e tantos qüantos restamos.
(Matéria de origem:
Vôo 1907
Pilotos pedem para que não transformem acidente em crime
A APA, a associação de pilotos da American Airlines, a maior empresa de aviação comercial dos Estados Unidos, divulgou nota nesta terça-feira (21/11) pedindo às autoridades brasileiras a imediata liberação de Joseph Lepore e Jan Paladino, os pilotos do jato executivo Legacy que colidiu em vôo com o Boeing do vôo 1907 da Gol. O acidente no dia 29 de setembro, no norte do Mato Grosso, causou a morte de 154 pessoas. Na nota, a associação de pilotos alerta para o risco de se transformar a investigação de um acidente em uma investigação criminal.
Enquanto o Boeing caiu após o choque, o Legacy aterrissou em uma pista no sul do Pará com seus sete passageiros e tripulantes ilesos. Logo depois, a pedido da Polícia Federal, a Justiça mandou recolher os passaportes dos pilotos do jatinho.
Impedidos de deixar o país, os dois pilotos têm sido alvos de suspeitas e acusações veladas como se fossem os culpados pelo acidente. Coincidentemente, o sistema de controle de vôo do país, que não foi capaz de evitar a tragédia, entrou numa crise sem precedentes a partir do acidente.
Já no dia 11 de outubro, a APA havia emitido uma nota em que pedia uma investigação ampla, justa e rápida. “Respeitosamente pedimos agora ao governo brasileiro que permita que Joseph Lepore e Jan Paladino possam retornar aos Estados Unidos”.
Os pilotos americanos fazem também um alerta às autoridades para que as investigações sejam conduzidas de acordo com o Anexo 13 da Organização de Aviação Civil Internacional, e não como uma investigação criminal. “Há um entendimento de que criminalizar o processo de investigação de acidentes tem um grave efeito em sua eficácia, uma vez que, nestas circunstâncias, as partes ficam menos propensas a fornecer informações vitais”, para o esclarecimento dos fatos.
A associação pede também ao governo dos Estados Unidos que interceda junto ao governo brasileiro no sentido de permitir a liberação dos dois pilotos, bem como em conduzir as investigações de acordo com as normas internacionais.
Revista Consultor Jurídico, 21 de novembro de 2006
por Maurício Cardoso)
Cinzas... (perai: num tava se decompondo? Cinza é cinza, ô pô!) *** Clique no título acima para o 'POST' atual ***
quarta-feira, novembro 22, 2006
domingo, outubro 08, 2006
Bala Perdida

Ainda fresca na memória, a tragédia do vôo 1907 alimenta uma seqüência enorme de acidentes aéreos, passando, com cores novas (graças a um livro de Ivan Sant'Anna, "Plano de Ataque") pelos atentados de 2001 no World Trade Center em Nova Iorque.
Tão longe vai a viagem aérea que arrisco a imaginar um mundo em que não vivi, onde, há 100 anos um franzino brasileiro, sonha em voar nos céus de Paris.
Meu mundo, talvez graças a Alberto Santos=Dumont, sempre tem aviões a riscar os céus. Encantaram-me os jatos comerciais que nasceram junto comigo, alguns deles, como eu, ainda voando. Encantava-me imaginar, então, o mundo de Júlio Verne, como encantou ao próprio Alberto, dizem. E ele era verdadeiro, então, na minha consciência, que entendia mais de aerodinâmica que pudera Alberto jamais imaginar, nem mesmo Verne, o Jules. Longe de mim dizer de Leonardo, que encapsulara uma bolha de conhecimento humano, e abrigava, além das máquinas, arte, sensibilidade estética, arquitetura, materiais, obstinação - comum a todos -, e criatividade, também auxiliada, em todos eles, da capacidade do conhecimento humano aplicada às possibilidades, ainda que imponderáveis, então.
Em tempos de menos notícias, que não época de eleições bastante preocupantes, talvez minha viagem passasse pelas almas dos 154 (embora tenham sido rezadas muitas preces para um passageiro que nunca existiu à bordo do vôo 1907, chamado de "um cinco cinco") mortos do acidente, mas busco consolo no pensamento de que elas, exceto talvez os pilotos do 737, jamais souberam que morreriam ali. Em segundos, ou frações dele, o brusco movimento a mais de 800km/h "simulou" uma força tal que paralisou nas artérias todo o sangue de todos, fazendo-os desfalecer, e talvez, até aos pilotos. Uma fração de segundo, e 154 almas a bordo, e milhares de outras, ou milhões, em terras, mares e ares, cristalizaram um momento que perdurará, enfim, por muito tempo...
Tivesse Santos=Dumont refletido, antes de dar cabo à vida, que os homens nem sempre podem se arrepender de seus erros! Ou não reconhecem nossa fragilidade dissimulada pela inegável inteligência da raça humana: àquela velocidade, em meio segundo, que corresponde ao tempo que o 737 percorreu mais de 100 metros, ou mais de um quarteirão (em meio segundo), num "céu de brigadeiro" com um mar verde atapetando a paisagem clara, em velocidade de cruzeiro, não havia ser humano capaz de resistir ao fatal solavanco de milhares de quilos de metal chocando-se em velocidade superior ao próprio som do impacto que nem chegaram a ouvir, aquelas almas. Aquele impacto transformou uma máquina de milhões num projétil, uma bala (tão veloz quanto uma), um pedaço desgovernado de metal cheio de viajantes já mortos.
Tivesse Santos=Dumont refletido, não nos cabe a culpa de sermos humanos.
Mais nos caberia, a ignorância da verdadeira massa ignara que somos.
8-X-2006
sexta-feira, janeiro 13, 2006
Carta ao mar
Não sei a quem mandar isso, e se vc um dia ler, saiba que quis me dividir
com vc.
Recebi hj cedo um e-mail, coisas de serviço, que começa assim: "Espero que
esta vá lhe encontrar de bom humor..". Coisa das antigas. Mas verdadeiro.
Puxa, pq somente um cara lá da putaqueopariu do outro lado do mundo tem essa
pretensão? Pq deve ser sincera. Aqui não. Ainda mais segunda feira pela
manhã... Dia e expediente da semana menos propício ao bom humor, me parece,
para os que não estão ao lado dos seus amores eternos.
Aqui, agora, me cobram bom humor.
Como se não doesse a cicatriz no peito,
a cicatriz no baixo ventre, ou fossa pélvica (não, fossa pélvica é a parte
interna, dentro do ilíaco, acho eu, que a minhas aulas de anatomia nunca
fui, detesto defuntos e ver entranhas abertas.
Se não ficar de bom humor, estou depressivo. Ou ciclotímico.
O inferno, o purgatório, a terra, o paraiso.
Tudo num dia.
Coisa de louco, que louco sou.
E digo isso para que se assim me chamarem,
saberem que não são originais, nem meus pecados.
Se peco o pecado do mundo, peco o mundo,
que me fez pecar.
Fecho-me agora, que me dizem confuso,
e escrevo e-mails para ninguém,
que não quero contaminar o mundo com
essa confusão.
45 anos e estar sem um porto, torna-me
marinheiro mareado.
Ânsia de terra firme.
Escuto músicas,
entendo letras.
Elas me dizem o que quero ouvir.
Que sou louco. São.
Que sou tolo. São.
Que sou criança. Sãs.
Que sou romântico. São.
Que sou triste. São.
Que são felizes. Sou.
O que me inquieta o espírito,
é o tempo que pessoas sãs,
levam para serem felizes.
Tenho pressa da felicidade, dá licença.
Não construo mais castelos, visito os de reis amigos.
Não dirijo mais exércitos, lerão meus tratados de estratégias.
Não corro mais atrás de amores perdidos, eles sabem meu endereço.
Não consigo mais chorar, que chôro não cabe meu sentimento que definiria
como chôro.
Não desisto de viver um grande amor,
ainda que o grande amor novo seja o amor grande e velho que tive um dia.
Habita minha casa nova, a esperança de um dia encontrar, um velho amor novo,
um amor novo que um dia seja um velho amor de novo e sempre.
Eu e minha esperança formamos um par, e dentro de nossa morada, temos um
lar.
Lar, doi(í)do lar!
com vc.
Recebi hj cedo um e-mail, coisas de serviço, que começa assim: "Espero que
esta vá lhe encontrar de bom humor..". Coisa das antigas. Mas verdadeiro.
Puxa, pq somente um cara lá da putaqueopariu do outro lado do mundo tem essa
pretensão? Pq deve ser sincera. Aqui não. Ainda mais segunda feira pela
manhã... Dia e expediente da semana menos propício ao bom humor, me parece,
para os que não estão ao lado dos seus amores eternos.
Aqui, agora, me cobram bom humor.
Como se não doesse a cicatriz no peito,
a cicatriz no baixo ventre, ou fossa pélvica (não, fossa pélvica é a parte
interna, dentro do ilíaco, acho eu, que a minhas aulas de anatomia nunca
fui, detesto defuntos e ver entranhas abertas.
Se não ficar de bom humor, estou depressivo. Ou ciclotímico.
O inferno, o purgatório, a terra, o paraiso.
Tudo num dia.
Coisa de louco, que louco sou.
E digo isso para que se assim me chamarem,
saberem que não são originais, nem meus pecados.
Se peco o pecado do mundo, peco o mundo,
que me fez pecar.
Fecho-me agora, que me dizem confuso,
e escrevo e-mails para ninguém,
que não quero contaminar o mundo com
essa confusão.
45 anos e estar sem um porto, torna-me
marinheiro mareado.
Ânsia de terra firme.
Escuto músicas,
entendo letras.
Elas me dizem o que quero ouvir.
Que sou louco. São.
Que sou tolo. São.
Que sou criança. Sãs.
Que sou romântico. São.
Que sou triste. São.
Que são felizes. Sou.
O que me inquieta o espírito,
é o tempo que pessoas sãs,
levam para serem felizes.
Tenho pressa da felicidade, dá licença.
Não construo mais castelos, visito os de reis amigos.
Não dirijo mais exércitos, lerão meus tratados de estratégias.
Não corro mais atrás de amores perdidos, eles sabem meu endereço.
Não consigo mais chorar, que chôro não cabe meu sentimento que definiria
como chôro.
Não desisto de viver um grande amor,
ainda que o grande amor novo seja o amor grande e velho que tive um dia.
Habita minha casa nova, a esperança de um dia encontrar, um velho amor novo,
um amor novo que um dia seja um velho amor de novo e sempre.
Eu e minha esperança formamos um par, e dentro de nossa morada, temos um
lar.
Lar, doi(í)do lar!
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