segunda-feira, agosto 16, 2004

Limpando gavetas

De vez em qüando, a gente acha um retrato na gaveta...
Esse, era de Fevereiro, e como parece que isso é um daqueles velhos diários, "perdido na areia..."

Não sei a quem mandar isso, e se vc um dia ler, saiba que quis me dividir com vc. Recebi hj cedo um e-mail, coisas de serviço, que começa assim: "Espero que esta vá lhe encontrar de bom humor..."
Coisa das antigas. Mas verdadeiro.
Puxa, por quê somente um cara lá da "putaqueopariu" do outro lado do mundo tem essa pretensão? Porquê deve ser sincera. Aqui não.
Ainda mais segunda feira pela manhã...
Dia e expediente da semana menos propício ao bom humor, me parece, para os que não estão ao lado dos seus amores eternos.
Aqui, agora, me cobram bom humor. Como se não doesse a cicatriz no peito, a cicatriz no baixo ventre, ou fossa pélvica (não, fossa pélvica é a parte interna, dentro do ilíaco, acho eu, que às minhas aulas de anatomia nunca fui, detesto defuntos e ver entranhas abertas).
Se não ficar de bom humor, estou depressivo. Ou ciclotímico.
O inferno, o purgatório, a terra, o paraíso.
Tudo num dia.
Coisa de louco, que louco sou.
E digo isso para que se assim me chamarem, saberem que não são originais, nem meus pecados.
Se peco o pecado do mundo,
peco o mundo,
que me fez pecar.
Fecho-me agora, que me dizem confuso,e escrevo e-mails para ninguém, que não quero contaminar o mundo com essa confusão.
Agora, no tempo passado às décadas,
e estar sem um porto, torna-memarinheiro mareado.
Ânsia de terra firme. Escuto músicas, entendo letras.
Elas me dizem o que quero ouvir.
Que sou louco. São.
Que sou tolo. São.
Que sou criança. Sãs.
Que sou romântico. São.
Que sou triste. São.
Que são felizes. Sou.
O que me inquieta o espírito,
é o tempo que pessoas sãs,
levam para serem felizes.
Tenho pressa da felicidade, dá licença.
Não construo mais castelos, visito os de reis amigos.
Não dirijo mais exércitos, lerão meus tratados de estratégias.
Não corro mais atrás de amores perdidos, eles sabem meu endereço.
Não consigo mais chorar, que chôro não cabe meu sentimento que definiria como chôro.
Não desisto de viver um grande amor,
ainda que o grande amor novo seja o amor grande e velho que tive um dia.
Habita minha casa nova,
a esperança de um dia encontrar, um velho amor novo,
um amor novo que um dia seja um velho amor de novo e sempre.
Eu e minha esperança formamos um par,
e dentro de nossa morada, temos um lar.
Lar, doi(í) do lar!

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