Amigo:
nada como um dia ap�s o outro, novamente lhe digo.
N�o querendo fazer q�alquer
(desculpe, gosto de sinalizar o 'u' pronunciado...)
compara��o entre nossas situa��es,
distantes os anos-luz
que nossas exist�ncias j� percorreram
desamparadas ou guiadas
pelo tempo de nossas raz�es,
fa�o apenas reparo
� 'n�o cren�a' sua no livre arb�trio.
Suponhamos Deus.
� preciso muita imagina��o
para crer num Criador
conduzindo r�deas de vidas tantas...
� poss�vel imaginar um Criador
permitindo a essas vidas
serem felizes ou n�o.
Guerrearem ou viver em paz.
Resignarem-se ou movimentarem-se.
Mas eu posso crer sem esfor�o
na condu��o de uma alma
ao encontro de outra,
para encontros t�o v�rios...
A alma, essa inc�gnita
(que por algum motivo
encontramo-nos e
parecemo-nos
em coisas tantas),
tra�a linhas algumas
vezes estranhas
na vida da gente.
Veja o caso do Pedro.
Imagino que o pai era novo,
talvez de minha idade.
Ou da sua.
A vida de nosso corpo,
expira um dia.
Mas nossa alma
permanece
como parte das
almas que identificamos.
Mauro deve ter vibrado
para Pedro
a admira��o dele por voc�,
e voc� vibrou a admira��o rec�proca.
Decerto Mauro ensinou Pedro
a saber vibrar,
atrav�s da religi�o,
atrav�s da cren�a,
atrav�s do exerc�cio da profiss�o,
atrav�s das atitudes.
Nem sempre certas,
se n�o as teve sempre
(n�o conhe�o o Mauro,
mas quero ouvir voc� falar dele
com o mesmo carinho com que
vibrou em Pedro sentimento
t�o nobre de agradecer
pela sua exist�ncia...),
mas sempre memor�veis.
N�o falemos de amor.
Falemos de identifica��o,
grupos "et�reos"
(� guiza de grupos "�tnicos"),
que vibram
numa mesma frequ�ncia.
Essa freq��ncia
pode se chamar
Deus,
Eloim,
Al�,
"Aquele Que N�o Tem Nome"...
N�o falemos de deuses.
At� porqu�,
dentro de minha forma��o cat�lica,
se somos criados � imagem e semelhan�a do Criador,
como � que eu fico,
que sou ruivo?!
Hoje, tentam descobrir os
"apontadores q��nticos",
que seriam as ra�zes
do desenvolvimento
das possibilidades
no universo.
Ou seja,
o qu� comanda tudo?
Pode ser qu�,
ao descobrirem
os apontadores q��nticos,
eles se apresentem e digam:
"Somos Deus!"
No fundo, amigo,
nossas cren�as
em porqu� as coisas acontecem
repousam na resigna��o.
N�o afirmo isso categoricamente,
mas percebo esse como um caminho
que algumas vezes,
cont�m em si o �mpeto exacerbado,
outras vezes cont�m o fel da m�goa.
O conter, Miguel, na minha opini�o,
� o que nos torna muitas vezes
ra�zes s�lidas de sabedoria,
mas fr�geis ao terror que �
o outro lado da resigna��o,
o do movimento.
Pedro tem que continuar.
Talvez se cuide melhor que o pai,
e n�o tenha o orgulho
(n�o que o pai tivesse!)
de achar que ser�
sempre jovem
e sempre se pode recome�ar...
N�o h� recome�os.
Amanhecemos a cada dia
pr� ganhar ou perder.
Somos outros, a cada dia.
A op��o � terr�vel:
ou contemplamos o tempo passar, espelho do que fomos um dia
(ele, o "Senhor da Raz�o",
Aquele que chega a um tempo q�alquer,
se desfaz como como espelho,
e nos ensina,
em latim, que
errare humanum est,
que tudo que cremos
n�o � cr�vel,
que todas as letras
e todas as teorias
s�o s� letras e teorias,
e ent�o...
as odiamos todas,
�s nossas cren�as,
que nos levaram
� nossa escolha pela...
dor!
Andava eu com o ego
mais polido que carro de boy...
E de repente,
fa�o um papel de palha�o,
de b�bo da c�rte
(tamb�m gosto,
de vez em q�ando,
de quebrar a regra dos acentos diferenciais),
e ponho em xeque uma rela��o
que a mim fazia movimentar-me...
Um amor que despertou em mim
o desejo de procurar aquele menino,
que cheguei a descobrir que era eu mesmo.
Ao 15 anos tomei meu primeiro p�rre,
por uma paix�o.
Mas n�o perdi meu bom humor:
ao tentarem me dar um banho,
num banheiro sem box,
eu fugia de meus
algozes anti-et�licos
(alguns em miss�o secreta,
t�o "etilizados" q�anto eu...),
chegava no vaso,
enfiava um p� e gritava:
"p�ra ai sen�o eu puxo a cordinha".
Na segunda fuga,
a frase foi
"Eu vou suicidar-me,
at� o 's�o' Fuad me deixar
namorar a Salma!"
O pai de minha pretendida
proibira nosso namoro,
alegando que ela,
ca�ula de entre 6 irm�s e 1 irm�o,
era a �nica que tinha namorado...
Mas acho que o problema era
"que namorado...tsk...tsk"
Senti-me, ent�o,
menos envergonhado que hoje.
Claro,
era a primeira experi�ncia, ter que reconhecer
um erro que afetara as probabilidades.
Acertei nos ponteiros q��nticos.
Ou Deus estava a me punir.
Ou me reservava para algo?
N�o sei quem seria eu,
agora, se corresse em busca
de mudar o que eu sou
para chegar onde eu quero.
Corri atr�s da Salma sim,
trabalhava na �poca com o 's�o' Fuad
no "armaz�m de g�neros" dele.
Encontr�vamo-nos sempre.
Encontramo-nos tamb�m
j� casados, filhos e tais.
Assim como a outras
paix�es que tive.
Ali�s, nunca desisti de amor nenhum.
Guardo-os, porque formam
o �nico tesouro que tenho.
Nessas almas, quero continuar,
ainda que me corram l�grimas
por n�o as compartilhar em corpo tamb�m.
Ainda que n�o esteja de corpo presente,
queria estar em cada uma delas
como a vibra��o que nos vai acalentar
a dor q�ando a estivermos sofrendo...
Assim, sua alma me ouviu outro dia,
vibrou junto � mim, me permitiu,
sem me condenar ou consagrar,
entender que muitas vezes nossas
dores s�o muito pequenas
entre as tantas dores que sabemos
que j� sentimos ou vivemos.
Erramos, muito.
Por beber demais,
por teimar demais,
por resignar demais,
por movimentar demais.
Erramos por querer persistir no erro.
N�o cito isso pensando em caso especial nenhum.
Erramos, mais,
por acharmo-nos capazes
de viver cada dia
com a experi�ncia de ontem.
Ou vamos vencer o dia,
ou o dia,
arrastado pela carruagem do tempo
(que ent�o s� nos mostra um espelho do momento de nossa dor),
ou ele passar�, e nossa lembran�a
ser� s� nossa imagem
prostada,
perplexa,
ante um espelho que reflete
o que n�o queremos mais ver!
Andar contra o tempo
pode ajudar a sair
desse quadro est�tico...
Achar o tempo
da vibra��o que despertou o amor,
o tempo da vibra��o que despertou
a amizade,
a alegria,
o prazer,
a �nsia...
N�o nos desconstruimos
q�ando voltamos no tempo...
Nossa carca�a permanece a mesma,
mas resgatamos os �mpetos contidos,
e os enchemos de acess�rios
que acumulamos na vida.
Aquilo que de bom que sobra,
de cada peda�o que tivemos,
que comp�em nossas almas,
de realiza��es,
de vit�rias,
de derrotas.
N�o se pode deixar
peda�os sem uso no futuro.
Nada h� que se destrua
que n�o contenha ainda
a ess�ncia do que era
antes da destrui��o.
O universo se movimenta...
A fra��o de cada coisa,
se torna o fractal
do tudo que somos.
A sua fra��o de amizade,
eu posso testemunhar
que � digna.
A sua fra��o de hombridade,
endosso.
A sua fra��o de corre��o,
admiro.
A sua fra��o de humor,
faz-me rir.
A sua fra��o de indigna��o,
inflama-me.
Vibramos juntos
muitas emo��es.
Quero ser feliz,
com meus erros
e meus acertos.
Quero ser feliz
com meus amigos,
amantes,
amados.
Quero dar a cada alma que me habita,
no templo que me sinto do
"mist�rio dos ig�ais",
algo que nos torne
ig�ais-felizes.
Ou ig�ais-melhores.
Pode ter certeza
de que eu estou
do lado da sua felicidade
ou da sua evolu��o.
Ainda que a felicidade
signifique aquietarmos
nossas vibra��es,
evoluirmos
ao ponto em que
fomos maiores
e melhores
um dia,
de novo,
como se fosse
um reveillon
a nos levar
ao verdadeiro
tempo de se viver.
Vivamos bem esse tempo...
Abra�o forte,
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